domingo, 23 de outubro de 2011

O ser e o nada (talvez um trocadilho infeliz, desculpai Sartre)

O ser como indivíduo social deve por este motivo saber viver no meio ao qual ele nasceu e é "obrigado" a todo o instante a conviver.
Muitos homens e mulheres esquecem que o homem é o instrumento de um coletivo maior, esquecem que todos somos diferentes, mas que temos igualmente boas qualidades. Neste ponto de nada importa se somos ricos ou pobres, feios ou belos, somos humanos e como tais devemos nos respeitar. Não devemos deixar que nosso ego, resultado de nossa imensa vaidade, nos tome e nos faça agir como monstros egoístas em uma sociedade, em que o coletivo deverá sempre se fazer presente e imperar.


O discurso acima é na verdade o prato de entrada para o relato do que me aconteceu ontem.

22 de Outubro de 2011,

Locava eu um kitnet onde pagava 380,00 todos os meses, sempre antes do vencimento, três dias antes, quatro, etc. Em virtude de uma proposta de emprego fora de Natal conversei com a proprietária que em dias estaria indo embora da cidade e por este motivo haveria de sair do local. Na ocasião ele se disse triste por um ser um bom inquilino e que achava uma pena que eu fosse sair. Em menos de 24hs já havia uma placa na frente do prédio anunciando disponibilidade de aluguel. No outro dia a dona do prédio bate a minha  porta a noite, logo após haver chegado do trabalho, cansado, e traz um casal para mostrar o kitnet. Eu fiquei muito constrangido, afinal acabará de chegar lá, cansado, recentemente tinha tomando um banho e estava completamente a vontade no local, e tive que abrir minha porta, do kit net que locava, que em tese era meu, pois estava pagando, para que um casal de estranhos entrasse no local e visse não só o kit net como toda minha intimidade. Depois do ocorrido não falei nada, em absoluto, talvez por que seja bonzinho demais, talvez por que não quisesse confusão com ninguém. Neste mesmo dia a dona do kit net me pergunta se pode mostrar o local para outras pessoas quando eu não estivesse lá, ao que me espantou e muito, já que pensava só haver uma chave. Um dia depois a dona do kit net às 10hs da manhã bate a minha porta aos berros para que eu abra a porta. Eu estava dormindo, cansado, e tive de levantar completamente descabelado para abrir a porta. Como sou humano e já não estava feliz com a situação me irritei, abri a porta e antes que ela falasse algo eu disse.

- A senhora não acha melhor deixar para mostrar o local quando eu já não estiver aqui não? Olhe, pois assim o local vai estar limpo, sem nada, e vai ser muito mais agradável aos olhos de quem ver.

De nada adiantou, pois ela entrou porta a dentro e já foi mostrando os cômodos do kit net, não me deu ouvidos, e só ao sair disse que não faria mais o mesmo.

No sábado, dia no qual eu havia dito a ela que entregaria a chave fiz parte de minha mudança, levei geladeira e tv, todo o resto ficou no kit net. Ao descer conversei com ela sobre o nosso acerto de contas. Como havia quebrado o contrato teria de pagar dois alugueis como indenização. Na ocasião do sábado ela me perguntou sobre a indenização, e eu informei que como não tinha toda a quantia pagaria a ela n domingo e no domingo entregaria a chave, até mesmo por que ainda teria de limpar o local, etc. Ela não comentou nada, apenas concordou. Quando subia para para o kit net após o frete levar parte das minhas coisas ela veio falar comigo perguntando se poderia dar a parte que tinha já comigo, um aluguel, eu disse que não, pois teria de tirar parte para o frete e por este motivo preferia deixar para pagar tudo no domingo quando entregasse a chave, mas uma vez ela não disse nada, apenas concordou, não cogitou, nem conversou comigo, não discordou também. Entrei para dentro do kit net e fui limpar, arrumar as coisas para só no domingo entregar a chave do local. Ressalto que ainda que entregasse a chave no domingo me faltavam alguns dias, algo em torno a 4 semanas para vencer o calção.

Comecei a limpar a casa, e por volta das 18hs bate na minha porta o vizinho. O vizinho se chama Douglas, tem um metro e oitenta e alguma coisa, é musculoso, tem cara de segurança de boate, e desculpem o palavreado, é um senhor troglodita. Este senhor bate a minha porta e começa com a seguinte conversa.

- Então, não sei se você sabe, mas aqui somos uma família.

Eu óbvio já estranho tudo, afinal o que raios eu tinha a ver com isso?

- E dona F. é minha tia, não sei se você sabe.
- Ah, é, não sábia, que legal.
- Ela me disse que aconteceu algo muito chato, que você não tinha acertado com ela ainda. Que você quebrou o contrato e não acertou com ela e já fez a mudança.
- Esperai, primeiro, não fiz minha mudança, eu levei algumas coisas, o resto como pode ver ainda está aqui. E outra, eu conversei com ela sim. Alias, por que ela não veio falar comigo? (o contrato era entre eu e ela afinal)
- Ela esta aqui, vou chamar ela.

Eis que ela vem e vem toda cheia da razão. Primeiro diz que falou com o advogado dela e que ele havia dito que eu tinha feito errado, que eu não poderia fazer a "mudança" sem acertar com ela antes. Eu fiquei pasmo, besta, sentei no chão e olhei para os dois e disse o quanto estava triste com a situação, pois já havia conversado com ela e para mim tudo estava certo. Ela não deixava eu falar, apenas repetia , os dois o brutamontes e ela que eu estava errado, que eu tinha feito errado, que o advogado dela tinha falado isso. Como se não bastasse ela disse ainda que achava que eu iria embora sem pagar, que daria o calote nela, que aquilo já havia acontecido com ela antes. Olhei bem para os dois, já de pé, e disse.

- Olhe, eu sou uma pessoa de índole, jamais faria isso, eu conversei com a senhora, e a senhora não me falou nada, eu iria te pagar no domingo assim que entregasse as chaves, não estou entendendo até agora por que tudo isso. E outra, se eu assinei um contrato com a senhora, lavrado em cartório, se por um acaso eu fugisse como achava, a senhora poderia me processar...
- SIM, PODERIA SIM, EU TENHO OS SEUS DADOS.
- Então, por que tanto estardalhaço, primeiro porque jamais faria isso de fugir sem pagar, segundo, porque  por lei a senhora estaria resguardada.
- Mas , você fez errado, ... etc etc , bla bla bla.
- Olha , estou  muito triste com tudo isso, pois fui um inquilino muito bom, pagando sempre antes do vencimento, nunca dei trabalho e tenho que ouvir isso.
- Pois eu não estou triste não - Falou dona F.
- Ok, então, tudo aqui se resume a dinheiro certo? A ganância e a falta de conversa não é? Eu vou pegar esse dinheiro  hoje, e hoje mesmo te pago.

Entrei a chave da porta do kit net para ela, e fui atrás do dinheiro para pagá-la, pois tudo que mais queria era resolver aquela situação imbecil e ir embora de lá. Na ocasião, também teria de pagar um último papel de luz, mas quando sai, depois já entregar a chave a ela esqueci o papel e tive de voltar para pegar. Nesse momento o Douglas fala.

- Você ficou chateado comigo cara?
- Sim, fiquei, o que vocês fizeram comigo foi constrangimento moral, me senti humilhado, se eu quiser posso processar vocês.
- PROVE, PROVE que eu constrangi você moralmente, você ta sendo dramático. Se você quiser levar para outro lado leve. (em tom de ameaça)

Fato, é que ele pode ter 2 por 2 metros, mas eu não tenho medo nenhum, e eu sou apenas um nerd magrelo de 1.83 e 72kg, mas sei me defender e muito bem.

Desci as escadas , entreguei a chave novamente, disse que iria pegar o dinheiro e que logo voltaria, sai com meu amigo e fui pegar o tal dinheiro, fruto de ganância e a causa, também, de todo esse mal estar ridículo e triste. Ao voltar minha surpresa, não havia ninguém na casa dela, nem poderia entrar no meu kit net, pois em questão era meu, já que pagava por ele, e tive que ficar na rua esperando ela chegar para pagar a indenização, pegar minhas coisas e sair de lá para meu alívio em não ter que conviver com pessoas como elas.

Esperei muito na rua, mas um amigo , sentados na calçada, até que a neta dela veio e  pode me passar a chave. Paguei o valor devido, paguei uma lâmpada que estava queimada, pedi para que a neta fizesse a vistoria,  arrumei minhas coisas em trouxas de roupa como se estivesse fugindo, chamei um táxi e fui embora.

Fui constrangido, humilhado, tratado como um criminoso, como um imbecil, fui coagido pelo brutamontes, que nem é sobrinho dela de verdade, mas que foi usado para me coagir, sem necessidade, já que estávamos acordados.

Sou formado, pós graduado, nunca dei calote em ninguém, nunca darei. Sempre honrei minhas contas, me orgulho de abrir a boca e dize " eu pago minhas contas e não devo a ninguém"  e fui tratado assim. Fiquei triste e estou , triste e decepcionado, em como o ser humano, alguns deles, são burros, e não sabem conversar, e agem como se o que mais importasse fosse o dinheiro, agem como se sempre estivessem certos, nunca errados, e maltratam, humilham e desfazem os outros, pois o seu ego super inflado, fruto de sua vaidade não o faz agir de forma diferente.

Aprendi tudo já sábia, que o homem é um verme, que é  raça humana o câncer deste lindo universo, que é essa a raça que desejo seja extinta. Sei que não posso generalizar, mas por hora, desejo mesmo que esta raça acabe.

O futuro dessa raça são os dias de hoje, mas se nos dias de hoje as pessoas agem assim, o que posso esperar das pessoas de amanhã?

Penso em processar eles, mas não tenho testemunhas, só meu amigo que chegou depois de toda a humilhação. Sei como a lei funciona, mas infelizmente, sei que não ganharia nada, só queria que com uma ação sobre eles o ego deles diminuísse, quem sabe, talvez, houvesse alguma esperança para pessoas assim.

Para os que até que chegaram, espero que guardem o que vou dizer a seguir...Ninguém é melhor do que ninguém nesse mundo, nem melhor, nem pior. Somos todos iguais. Todos iremos morrer um dia, e todos somos, por mais que você/eu não goste disso, obrigados a viver com sociedade e cooperando uns com os outros. Se os animais fazem isso, por que nós os "evoluídos" não podemos fazer também?

Que venha o meteoro!

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